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setembro 17, 2006

Queijo velho

Não sabem o que isto é, coisa magnífica, mas só para quem gosta de queijos de sabor forte, não para quem só conhece o ovelha amanteigado, que não vou dizer que não é bom. Comia queijo velho na minha meninice, esqueci-o durante muitos anos até que, no jantar magnífico com que uns primos queridos me receberam nestas férias, mo serviram. Que saudades! Já agora, que saudades também de um grande queijo micaelense extinto, o Água Retorta. Em contrapartida, muito maior venda hoje, em S. Miguel, do excelente queijo do Pico.

Previno, o queijo velho é difícil, de sabor muito forte, para alguns demasiadamente agreste. É essencialmente um queijo tipo S. Jorge, mas com nove meses (!) de cura – e escrevo isto enquanto vou trincando uma fatia, com o meu copo de vinho branco seco de antes do jantar. Mas cuidado, é preciso saber comer queijo. Dentadas muito pequenas, envolver bem na boca até amaciar, tomar bem o sabor e só depois engolir. Comer queijo é toda uma arte! Só tem comparação em requinte à arte de comer marisco, outro saber comer (já viram pessoas a comer até o simples camarão, um atrás do outro como se fossem batatas fritas de pacote?).

A surpresa vem-me do fornecedor. É um supermercado, aqui à porta, que normalmente desprezo pela má qualidade geral, o Lidl. Mas foi onde a minha mulher descobriu esta preciosidade. O rótulo, para quem o queira procurar, diz só “São Miguel” e, em letras pequenas, “Queijo velho”.

Mas volto a dizer, isto é só para quem gosta mesmo de queijo, para quem sabe que o seu lugar não é no “couvert” a acompanhar presunto, mas entre o prato e a sobremesa, com um bom Porto vintage, para quem sabe que queijo não é só de ovelha e muito menos fresco. Os açorianos sabem o que é queijo. Vejam o muito que sobre isto escrevi no meu livro.

3 Comentários:

Blogger JVC escreveu...

Isto está a fazer ligação ao meu post sobre o Donatário. Não vou falar do Chico Maria com queijo, é coisa óbvia, mas volto ao Donatário, com riscos de mais críticas. O que vou escrever disse-o pessoalmente ao Luís Brum.

Há mais vinho branco do que a acompanhar peixe (eu até muitas vezes como peixes mais fortes, e sempre o bacalhau, com um Douro tinto leve, dos modernos). Admito que, para algum gosto convencional, o Donatário não seja um vinho fácil de refeição.

A propósito do Donatário, escrevi que gosto muito dos vinhos com sabor a pedra. Habituei-me a eles, há muitos anos, quando vivi na Suíça. Já provaram um Dorin do Vaud (pinot gris), vinho excelente? No entanto, para a refeição, os suíços preferem brancos mais leves. Há três utilizações particulares do Dorin. Às quatro da tarde, quando, muito frequentemente, se faz uma pausa no trabalho para um "cheese party", ao aperitivo e ao fim da noite, com uma preparação de queijo pouco conhecida, a raclette. Três não, esqueci-me, essencial também para a fondue de gruyère.

Portanto, pedroeme, creio que estamos de acordo, mas sublinho duas coisas. Primeiro, o queijo velho não é queijo de refeição, a meu ver. Merece coisa à parte. Segundo, não é só o Chico Maria que vai bem, aposto também no Donatário.

E vamos lá a vulgarizar os "cheese parties".

23/10/06 16:49  
Blogger JVC escreveu...

Já agora, uma curiosidade, se não é indiscrição: pedroeme é o Pedro Manaças que escreveu outro comentário?

23/10/06 16:51  
Blogger JVC escreveu...

A sugestão das amêndoas é óptima. Para mim, como disse, também queijos curasos (deixo de parte o queijo velho) e presunto suave. Mas acabamos por ir ao mesmo, há mais usos para o Donatário do que vinho de refeição.

Noto que aparece listado um comentário como apagado por mim. Não foi censura, era repetição.

25/10/06 13:24  

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